ANTÓNIO BRACONS, SOBRE O SILÊNCIO, 2020

Apresento o meu novo livro, já à venda. Pedidos ao autor, ver abaixo.

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António Bracons

Sobre o Silêncio

Fotografia e ensaios: António Bracons / Edição de Fotografia e Design Gráfico: António Bracons e Susana Paiva

Odivelas: Edição do Autor / Dezembro . 2020

Português / 15,8 x 23,0 cm / 72 pp., não numeradas

Capa mole, com badanas / Capa: Chagall Candido Branco 260 gr/m2, miolo: Coral Book White 140 gr/m2, impressão laser digital, cadernos cosidos / 150 ex. numerados e assinados / Os nºs 1 a 20 constituem edição especial, integram uma fotografia impressa em papel 100% algodão, Epson Hot Press Bright, assinada e numerada

Integra um livreto de 16 pp., não numeradas + capa, agrafado, 14,0 x 21,0 cm, com os ensaios e colofon / Capa: Chagall Candido Branco 260 gr/m2, miolo: Coral Book Yvory 90 gr/m2

ISBN: 9789893311561

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O silêncio é um vínculo que une.”

José Tolentino Mendonça

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O silêncio é expressão mais verdadeira e eficaz de coisas inexprimíveis.”

David Le Breton

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Este é um livro sobre o silêncio, um livro de silêncios.

É composto por um volume de fotografia e um volume de texto.

As fotografias evocam o silêncio: a sua essência, o seu espaço, o seu acolhimento. As imagens sucedem-se entre pausas – silêncios –, levando quem lê a obra (vê as imagens) a entrar num espírito de silêncio.

Separado do discurso visual, o texto constitui um livreto separado, de formato um pouco mais pequeno, acolhido na badana da contracapa. São dois os ensaios do autor: “Algumas reflexões sobre o Silêncio” e “O silêncio da fotografia”.

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Em “Algumas reflexões sobre o Silêncio”, escreve Bracons:

Fazer silêncio, estar em silêncio, sentir-me em silêncio.

Fazer silêncio, estar em silêncio pode ser uma atitude exterior; sentir-me em silêncio é um estado interior.

(…)

Só o silêncio permite uma escuta interior.

O silêncio não é, necessariamente, a ausência de som. Na natureza há sempre um qualquer som.

(…)

O silêncio não é uma realidade em si, mas uma relação com o mundo. “É uma certa modalidade de sentido.”[1] “O silêncio instala no mundo uma dimensão própria (…) [na qual] o tempo passa aí sem pressa”[2], convidando ao repouso, à meditação, ao retorno sobre si mesmo.

(…)

São tantos os ruídos que nos rodeiam. Constantemente. Trânsito, conversas, sirenes, rádio, televisão, telemóvel, redes sociais, mensagens, imagens, impaciência, irritação, preocupações, pressas…, fazer mais isto e aquilo. Comprar mais isto e aquilo. Ter mais isto e aquilo. Uma “cultura de avalanche”. Enchemos o nosso espaço – e o nosso tempo – de coisas e ruídos.

Por isso, destaca José Tolentino Mendonça, “Creio que é absolutamente urgente revisitarmos com outro apreço os territórios dos nossos silêncios e fazermos deles lugares de troca, de diálogos, de encontros. O silêncio é um instrumento de construção, é uma lente, uma alavanca. (…) O silêncio é um traço de união mais frequente do que se imagina, e mais fecundo do que se julga.”[3] É o silêncio que permite a escuta.”

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Sobre “O Silêncio da Fotografia” que, como diz Jean Baudrillard, é “uma das suas qualidades mais preciosas”, escreve:

O fotógrafo é também uma pessoa de silêncio.

É o silêncio que o faz ver para além da mera imagem, que o faz procurar – e sobretudo, encontrar – o momento e o sentido da imagem. A fotografia. Pode-se falar ou conversar com quem se vai fotografar, mas o próprio ato de fotografar, em si, é, tantas vezes, um ato de silêncio. E o clic da câmara, um som mecânico, mas ‘natural’, não perturba. E por vezes a câmara é, também ela, silenciosa.

(…)

Para além do fotografar, há o ato de revelar a fotografia.

Se este conceito é mais palpável na fotografia analógica, em que a película era revelada e a fotografia selecionada, impressa, revelada – trabalho feito em laboratório, tantas vezes pelo fotógrafo, tantas vezes em silêncio –, no digital este trabalho também é feito: é selecionada, é ‘revelada’ digitalmente, alterando-se luzes, tons, contrastes… – tantas vezes em silêncio, procurando escutar a luminosidade ‘correta’, a tonalidade ‘certa’, a imagem que quero.

(…)

Por outro lado, há também o silêncio da imagem.

Há silêncio quando se vê uma fotografia.

Olhamos imagens atrás de imagens. Quando caminhamos na rua, quando estamos na internet, quando folheamos um livro…

O ato de ver. Entre tantas imagens que nos passam pelos olhos, não nos apercebemos da maior parte, mas umas, poucas, tocam-nos: por alguma razão, ficam na memória, no coração. São essas imagens que nos dizem algo, que nos prendem, suscitam algum sentimento.[4]

(…)

Há um silêncio que se gera quando vemos algumas imagens, algumas fotografias (e pinturas, desenhos, esculturas). Um silêncio interior que se abre para ver aquela imagem, para escutar a imagem.

“atentei, de chofre nas fotos (…). E que se fez silêncio em meu redor, isso recordo bem. Silêncio longo, espesso. Silêncio religioso, de devoto, diante das imagens (…) que desfilavam sob o meu olhar.”[5]

E, tantas vezes, o silêncio fica depois de ver uma imagem.”

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[1] David Le Breton, Do silêncio, Lisboa: Instituto Piaget, 1999, p. 143.

[2] Idem, ibidem, p. 146.

[3] José Tolentino Mendonça, “Somos analfabetos do silêncio”. In: E – A revista do Expresso, n.º 2224, de 12.06.2015. On-line: https://expresso.pt/opiniao/opiniao_tolentino_mendonca/2015-06-12-Somos-analfabetos-do-silencio. Consultado em 2020.03.25.

[4] Roland Barthes define o studium e o punctum, para explicar porque algumas fotografias o tocam. Cf. A câmara clara, Lisboa, Edições 70, 1981, p. 37-47.

[5] António Filipe Pimentel, “O dom”, em prefácio ao livro de Jorge Bacelar, “Ruralidades. Ruralities”, Vila Nova de Famalicão: Centro Atlântico, 2019.

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António Bracons, Sobre o Silêncio, 2020

(A fotografia integra a edição especial)

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Sobre o Autor, também autor deste blog, pode ver aqui.

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Preços e pedidos:

Edição especial de 20 exemplares (n.ºs 1 a 20), incluindo uma fotografia em papel 100% algodão, Epson Hot Press Bright, numerada e assinada – 35,00 € (esgotada); edição normal (n.ºs 21 a 150) – 20,00 € (Portugal).

Pedidos ao Autor, aqui.

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Dia 02.02.2021, às 21:30, no âmbito das fotoConversas da fotografARTE Associação, de Cantanhede, estive em conversa com José Soudo, numa apresentação deste livro e deste blogue. Pode ver aqui (Youtube).

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Dia 08.12.2020, pelas 17:00, fiz uma apresentação deste livro, num evento on-line (conjuntamente com Arlindo Pinto, que apresentou “Catálogo de Silêncios” – pode ver este livro no FF aqui), via Zoom.

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Atualizado em 08.12.2020, com fotografias do livro.

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